04 março 2006

A água do paraíso

Harith o beduíno e sua esposa Narita, iam de um lugar para outro no deserto estendendo sua tenda onde quer que houvesse tamareiras, ervas para o camelo ou um poço de água salobra.

Um dia, contudo surgiu um novo manancial no areal e Harith levou um pouco daquela água ao lábios. Teve a impressão de estar provando a verdadeira água do paraíso...

...partiu para Bagdá, em busca do palácio de Harun el-Haschid, viajando sem deter-se... Levou consigo dois odres de couro cheios de água: um para ele e outro para o califa...

Dias depois chegou a Bagdá, e se dirigiu logo ao palácio. Ali os guardas ouviram sua história e, somente por ser esta a norma usual, deixaram-no participara da audiência pública...

...eu sou um pobre beduíno e conheço todas as águas do deserto, acabo de descobrir esta água do paraíso e, julgando-a uma oferenda digna de vós, vim oferecê-la...

Harun, o Íntegro, provou da água, e ordenou aos guardas palacianos que levassem Harith e o mantivesse detido por algum tempo, até tornar conhecida sua decisão sobre aquele caso.

“O que para nós não é nada, para ele é tudo. Portanto devem levá-lo deste palácio durante a noite. Não deixem que veja o poderoso rio Tigre. Escoltem-no até sua tenda no deserto, sem permitir que prove água doce. Dêem-lhe 5 mil dinares e façam-no guardião da água do paraíso.”

GRILLO, Nícia Q. (1993) – Histórias da Tradição Sufis. Edições Dervish. Rio de Janeiro.

Resgatado por Sérgio Lins - Março de 2006


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